Meu filho não quer comer comida saudável em casa. O que fazer? 

Veja se você se identifica com essa situação: seu filho come de tudo na escola, adora as comidinhas e lanches preparados pela equipe de nutrição, mas quando chega em casa, faz cara feia para os alimentos saudáveis. Se isso está acontecendo, não se desespere. Essa situação é comum a muitas famílias, mas com criatividade e perseverança, é possível mudar.

A professora do curso de Nutrição do Centro Universitário Anhanguera de Niterói (UNIAN), Flávia da Silva Santos, diz que normalmente a criança começa a criar resistência a alguns alimentos após o primeiro ano de vida. Segunda a especialista, nesta fase acontece a desconstrução dos hábitos alimentares saudáveis.

“No primeiro ano de vida, o bebê possui acelerado crescimento, o que ocasiona um aumento da necessidade de nutrientes e do apetite. Após este período (fase pré-escolar) a criança diminui a velocidade de crescimento e, consequentemente, a necessidade de consumo alimentar e do apetite. A própria sociabilização e o desenvolvimento do conhecimento dos alimentos nesta fase podem modificar os hábitos, expondo a criança aos alimentos mais atrativos, como aqueles com apelos infantis (brinde, personagens infantis, etc). A recusa do consumo leva, muitas vezes, à troca de alimentos saudáveis por alimentos de melhor aceitação pelas crianças, que normalmente são calóricos (biscoitos, sucos industrializados, etc)”, afirma Flávia.

Perseverança é um dos segredos 

A nutricionista aconselha aos pais manterem o hábito de estimular o consumo de frutas e legumes após o primeiro ano de vida e insistir quando a criança se recusar a comer determinados alimentos.

“Estudos mostram que para definirmos que uma criança não gosta de determinado alimento ela precisa ter experimentado o alimento em torno de 8 a 10 vezes em momentos distintos. O exemplo também é importante. Consumir as refeições à mesa e compor as refeições dos pais com legumes, verduras e frutas é imprescindível para estimular a criança”, aponta.

A professora de nutrição diz que muitas vezes a preocupação natural dos pais diante da diminuição natural do consumo estimula as trocas dos alimentos saudáveis pelos de melhor aceitação das crianças. “Surgem então as perguntas: Você não quer almoçar? O que você quer comer?, o que é totalmente desaconselhável”, alerta Flavia.

14 dicas práticas para evitar erros na alimentação:

1.   Estimule o consumo de legumes, verduras e frutas desde o início da introdução dos novos alimentos (após 6 meses de vida);

1.   Após o primeiro ano de vida, mantenha o consumo de todos os grupos alimentares, sabendo que o consumo irá diminuir pela redução natural do apetite;

1.   Torne o momento da refeição agradável. Não brigue e discuta durante as refeições;

1.   Mesmo que a criança não aceite, continue estimulando o consumo de legumes, verduras e frutas, montando o prato com estes alimentos;

1.   Deixe seu filho participar, de forma responsável, da preparação das refeições ou da arrumação da mesa. Mas lembre de deixa-lo longe do fogo e de utensílios cortantes como facas;

1.   Faça pratos atrativos (forme desenhos ou personagens com os alimentos) ou crie desafios, incentivando quando ele aceitar consumir ou experimentar novos alimentos;

1.   Seja o exemplo para seu filho. Componha também seu prato com alimentos saudáveis;

1.   Desligue a televisão e o computador na hora das refeições;

1.   Monte com a ajuda da criança um cardápio com alimentos saudáveis que ela goste ou que esteja disposta a experimentar;

1. No supermercado, peça a ajuda do seu filho na hora de escolher as frutas, legumes e verduras que vai colocar no carrinho de compras;

1. Para crianças maiores de cinco anos, mostre reportagens que alertem sobre os malefícios de alguns hábitos como consumo excessivo de sal, açúcares e frituras;

1. Inclua folhas verdes ou beterraba na água de cozimento do feijão.

1. Não apresente refrigerante ao seu filho. Ele não vai sentir a menor falta.

1. Proponha um passeio com seu filho a uma feira livre para que vocês possam, juntos, provar várias frutas oferecidas pelos feirantes. Depois, levem pra casa as que ele mais gostar. A criança de hoje não está acostumada com feira livre e pode apostar que ela vai achar uma grande diversão.