Há alguns anos li uma entrevista com a escritora Tânia Zagury. Ela é Filósofa, Mestre em Educação e Professora-Adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na época ela tinha 24 livros publicados no Brasil e no exterior.
Uma das coisas que disse na entrevista incomodou profundamente e me tirou da zona de conforto. Ela afirmou, baseada em pesquisa, e ao contrário do que pensam os pais: todos os filhos mentem , e que o hábito dos pais contribui para essa prática.
Ela dizia na época que se referia à adolescência e não à infância, quando é possível confundir realidade com sonho, o que não é o caso dos adolescentes. Destacava que a constatação ia além da experiência da vivência como educadora por 40 anos. Era resultado do estudo publicado em seu livro “O Adolescente por Ele Mesmo”.
A escritora citou vários motivos pelos quais os filhos mentiriam para os pais. Entre eles, como já disse, o exemplo. Mas também a busca pela independência e a insegurança. Ela enfatiza que cabe aos pais estarem conscientes, para não se iludirem. A autora não acredita que os filhos falem a verdade o tempo todo.
Por isso recomenda uma relação de confiança entre pais e filhos, porque mesmo os pais não permitindo ou aceitando tudo que os filhos pedem, devem ouvir e se posicionar com racionalidade e tranquilidade, através de atitudes de respeito, sabendo conquistar a confiança do jovem.
Tania Zagury finalizava a entrevista ressaltando que se os jovens perceberem que falar a verdade é mais produtivo, tenderão a dizer sempre a verdade. Outra coisa que pode influenciar no ato de mentir é a percepção de que os pais mentem para amigos, colegas de trabalho ou até entre si.
Então o “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, não pode existir na vida de nenhum educador, seja ele pai ou professor. Tenho absoluta convicção que o exemplo pode oferecer à sociedade uma geração muito melhor, com princípios e valores sólidos. E isso certamente pode mudar o mundo. Então vamos deixar o exemplo como herança.