Carnaval 2020: Literatura e Educação inspiram enredos nos desfiles das escolas de samba

Carro alegórico em forma de livro, histórias clássicas e homenagens a escritores consagrados. A literatura pediu passagem neste Carnaval para ajudar a contar o enredo de várias escolas de samba.

 

A União da Ilha, que desfilou no grupo especial no sambódromo do Rio, brilhou com o enredo “Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: Salve-se quem puder!”, que mostrou a vida dura das favelas do Rio. A comissão de frente fez uma homenagem a Carolina de Jesus, mulher negra de favela que se tornou uma grande escritora. A escola retratou mazelas das comunidades, mas também a esperança com a cultura e a educação.

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Já a Mangueira levou para a avenida uma das histórias mais contadas do mundo: a vida de Jesus. O título do enredo, ”A Verdade Vos Fará Livre”, fez alusão ao texto João 8:32, da Bíblia Sagrada, o livro mais vendido da história. A agremiação fez uma releitura crítica da vida de um Jesus Cristo nascido no morro, explorando suas diferentes faces, sua vida e seus ensinamentos nos dias modernos, como jovens negros e pobres presos, indígenas e mulheres. Várias pessoas interpretaram Cristo.

 

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A Estácio de Sá emocionou o público com o enredo “Pedra”. E mais uma vez a literatura deu o ar da graça na Marquês de Sapucaí. O enredo teve como inspiração inicial o primeiro poema modernista de Carlos Drummond de Andrade, “No meio do caminho”. A carnavalesca Rosa Magalhães lembra que a pedra foi o primeiro livro da humanidade e é onde estão os registros da pré-história. Ela diz que no Brasil tem achados arqueológicos incríveis, por isso, também homenageou os arqueólogos, as pessoas que buscam descobrir, revelar e preservar a nossa história.

 

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A Unidos de Bangu, que desfilou na série A, falou sobre os povos africanos – mais especificamente do Congo – através de um antigo contador de histórias (griô). Com o enredo \”Memórias de um Griô: a diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea\”, a agremiação contou os horrores da escravidão, mas celebrou também a força e a resistência dos negros.

 

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A Império da Tijuca (série A) desfilou na Marquês de Sapucaí na madrugada de sábado com o enredo \”Quimeras de um eterno aprendiz\”. Foi uma homenagem ao pedreiro Evandro dos Santos, de 59 anos, conhecido como Carteiro Literário, semianalfabeto, morador da Vila da Penha, que recolheu 55 mil livros do lixo e criou uma biblioteca comunitária. Evandro é um exemplo de que a literatura é um caminho fantástico, sem volta, para o mundo do conhecimento e da inclusão.

 

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A Águia de Ouro, grande campeã do carnaval 2020 de São Paulo levou seu primeiro título  no Grupo Especial do carnaval paulista enaltecendo a Educação com o enredo “O Poder do Saber – Se saber é poder… Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, que conta o lado bom e ruim da sabedoria. A escola mostrou evolução do conhecimento humano, da Idade da Pedra à esperança nos robôs, imaginando um futuro sustentável com a tecnologia usada para o bem. A agremiação exaltou, ainda, um dos maiores ícones da Educação: com um carro em forma de escola, homenageou Paulo Freire. Título merecidíssimo. Um viva à Educação!

 

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Eu, como escritora e jornalista, vibro com tantos exemplos, dignos de aplausos. Enaltecer a Literatura e a Educação por meio de uma manifestação cultural tão popular como o samba, é uma forma de levar mensagens importantes para mais pessoas. É uma prova de que a arte dialoga entre seus diferentes estilos. E, sendo assim, por que não unir a literatura ao carnaval? Essa proposta sempre foi usada pelas escolas de samba ao longo dos anos, mas em 2020, com tantas homenagens, está provado que essa mistura dá samba!!!

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