Papais e mamães devem ficar atentos à exposição de seus filhos nas redes sociais. Isso porque a Academia Americana de Pediatria (AAP) já classifica uma nova patologia, que chama de “depressão facebook”.
Tudo aconteceria porque nas redes, a vida de adultos e crianças é sempre perfeita e cheia de glamour. Todos são felizes e nasceram para brilhar.
Isso estaria levando os jovens, de maneira massificada, a tirarem fotos com as mesmas poses, ouvirem as mesmas músicas, dançarem do mesmo jeito. Para o adolescente isso precisa ser mostrado, pois é a partir dessa divulgação que ele prova fazer parte de um grupo aparentemente competente socialmente.
Mas existem perigos nesse comportamento. Se as crianças tiverem baixa autoestima, elas ficam mais vulneráveis a desenvolverem quadros depressivos, e isso pode se dar através de cyberbullying ou da simples observação da aparente vida glamourosa das pessoas que fazem parte do seu círculo social.
Psicólogos que trabalham com terapia de famílias dizem que as crianças que não frequentam lugares tão bonitos, não viajam com frequência ou não têm condições de ir aos locais mais badalados ficam debilitadas e se sentem excluídas, por acreditarem que não são queridas por seus amigos.
Muitas nunca aparecem nas fotos em grupo que os amigos postam nas redes porque não podem frequentar os mesmos lugares, o que estaria causando a “depressão facebook”.
Então quem não se enquadra ou é aceito nesse espaço sofre frustrações e tristezas por causa da supervalorização do que aparentamos ser, ter e fazer tão amplamente divulgada nas redes sociais.
Li uma entrevista da psicóloga Tatielly Bonan em que ela afirma que quando chega nessa situação, o acompanhamento psicológico dessa família se torna indispensável para auxiliar os pais a redefinirem o autoconceito que a criança faz de si, ajudando-a a enxergar seus valores e a construir uma rede de contatos reforçadora, onde suas particularidades sejam valorizadas. •
Nesse contexto, Tatielly fez dois alertas: o primeiro: nenhum benefício ou presente substitui a presença dos pais na vida dos filhos, mas esses recursos estão sendo cada vez mais utilizados para compensar as horas de ausência, justificadas por longas jornadas de trabalho.
O segundo: o uso excessivo das redes sociais é o distanciamento. As crianças deixam de aprender a importância do contato físico, do carinho, da atenção e dos elogios como fonte de expressão de afeto, acreditando que o mesmo deve ser intermediado somente por presentes e ausência de limites.
“Uma criança que cresce sem a participação efetiva de seus pais corre o risco de se tornar emocionalmente carente, dando margem para que outras pessoas, que nem sempre carregam os valores dessa família em particular, ocupem um lugar de referência.”
Então todo cuidado é necessário. É importante monitorar quem está se relacionando com nossos filhos e ensinar a ele que ser é mais importante do que ter, e que as relações se sustentam no mundo real. Que nem tudo é o que parece.
Que a vida não é perfeita, mas é o que podemos mensurar o que há de verdadeiro e de fantasia. Nossos filhos precisam de nós. Para isso devemos ser sóbrios para também não cairmos na depressão facebook, achando que o mundo dos amigos é perfeito. Não é.
Se estamos no mundo, temos problemas. Cabe a cada um de nós saber como lidar com eles. É sempre bom lembrar que as crianças aprendem muito mais com exemplos do que com palavras vazias.
Então que elas sejam ensinadas que a vida não é perfeita, mas que devemos ser autores de nossa história. Isso é possível, mas enfrentaremos dificuldades. “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo”, já dizia Jesus Cristo.