DEPOIMENTO – A redescoberta da leitura através da maternidade

Por Lucia Rosenblatt, Engenheira

Desde que eu me lembro, sempre gostei de ler. Na infância e adolescência passava horas e horas lendo. Virei adulta leitora, mas com muito menos tempo pra dedicar de fato… até que virei mãe. Aí acabou de vez o tal tempo pra leitura. E aí como faz? Com trabalho, casa, cachorro, marido, criança, e os grandes sugadores de tempo e atenção que são o Netflix e o smartphone? Acabei bloqueando essa parte da minha vida. Depois, pra voltar, tive que criar tempo na marra mesmo rs. Depois de uns 3 anos sem ler praticamente nada fora assuntos de maternidade, ganhei (pedi) a autobiografia da Rita Lee, que me trouxe de novo aquela sensação incrível de pertencimento. Acho que é essa a sensação que os livros me trazem… de isolamento no bom sentido, quase-meditação. De envolvimento emocional com personagens. A memória afetiva de querer devorar um livro pra saber o que acontece, e querer segurar a onda porque sempre dá uma solidão quando termina. Ter saudades de personagens, se identificar com eles.

Agora, se a maternidade por um lado consumiu meu tempo e concentração para a leitura, posso dizer que um dos meus grandes prazeres nos últimos anos tem sido ver crescer uma criança leitora, redescobrir os livros ilustrados da minha infância e descobrir a nova safra de livros incríveis e que conseguem atingir adultos e crianças com propriedade.

Desde que a Bianca nasceu ela tem uma estante de livros que ocupa posição de destaque no quarto, e agora os livros dela se espalham pela estante, mais uma caixa, mais vários em rodízio no armário, mais dois espaços na sala, e mais uns tantos na nossa casa na serra…

No início eu tinha aqueles livros bem tradicionais de bebê, tipo de pano ou de banho. Até que no aniversário de um ano ela ganhou um livro com a história dos três pouquinhos e eu pensei \”caramba, nunca li uma historinha pra ela!\”. E por esse livro começamos… foi tão marcante que a festinha dela de 2 anos foi sobre os 3 porquinhos. Depois não paramos maia de ler \”toínhas\”, como ela falava.

 

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Aos poucos a capacidade de leitura (de ouvir textos, na verdade) dela vai ficando cada vez mais sofisticada e agora aos quase 6 anos lemos juntas livros que amo, como a série do Harry Potter – estamos no terceiro! Na semana do Natal tive o grande prazer de ler junto com ela o livro Quebra Nozes e Camundongo Rei, que inspirou o balé quebra nozes e que eu ainda não conhecia. Acho que ela gosta porque, além de tudo, sente que é uma grande curtição pra mim compartilhar esses momentos com ela, sempre foi. E acredito que ler pra uma criança, formar um leitor, seja sobre isso: criar memória afetiva com os livros, passar momentos juntos em torno desse objeto tão incrível e cheio de possibilidades.

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