Morrer é um fenômeno natural e é inevitável falar sobre esse assunto para as crianças, principalmente quando elas perdem uma pessoa querida. A tristeza é uma reação emocional natural em todas as idades, porém, o luto infantil pode apresentar características particulares fundamentado pelos diferentes graus de entendimento que a criança tem sobre a morte. Quando bem pequenas, percebem a morte como ausência e falta e podem pensar que é algo temporário, igual a uma saída da mãe para o trabalho. E ficam esperando a volta.
Crianças com até 5 anos de idade já associam a morte a algo triste por perceberem o sofrimento dos adultos e podem até se sentir culpadas. Os acima dos 5 anos já entendem que a morte é um processo de ruptura da vida, se interessam em saber mais sobre a existência humana, mas pode ser que tenham dificuldade em identificar, expressar seus sentimentos, seja raiva, tristeza, medo, culpa ou ansiedade e aceitar o fato.
O luto infantil precisa ser vivido, não evitado
Temos o senso de proteção entranhado na alma e queremos proteger nossos pequenos das dores diárias. Apesar de a ideia ser tentadora, poupá-las omitindo ou mentindo sobre o tema talvez não seja uma boa opção. Elas também sentirão a ausência, sofrerão como os adultos e precisam compreender o fenômeno.
E a melhor forma de fazer isso é tendo uma conversa franca, honesta, explicar tudo sem recorrer a metáforas como “viagem” ou “virar uma estrelinha” para não gerar confusão nos conceitos do pequeno. Isso pode funcionar com os bem pequenos, pois eles ainda não sabem a diferença entre morrer e sumir para sempre ou viajar e sumir para sempre.
Livros podem ajudar a lidar com a perda
Outra boa opção é encontrar literatura que ajude na assimilação gradual da finitude da vida. Mas é preciso deixar claro que o corpo não funciona mais depois da morte e que esse é um processo irreversível.
Outra coisa importante é o adulto não esconder o seu luto. Entender que os adultos também têm momentos mais vulneráveis, de tristeza e incerteza, também ajuda no amadurecimento emocional das crianças. Se os pais conseguem falar sobre isso com honestidade, a criança, aos poucos, aprenderá a fazer o mesmo.
Para entender realmente o que se passa na cabecinha dos pequenos, é importante, sobretudo, ouvi-las. Então, deixe-a falar livremente. Conversar sobre essas percepções também é importante para elaboração do luto, autoconhecimento e desenvolvimento emocional.
Quando procurar ajuda?
Fique atento às mudanças de comportamento da criança enlutada. Ela pode perder o apetite ou sofrer alterações no sono e no humor. E se achar que é culpada pela morte, pode se autopunir ou se isolar e até se recusar a falar sobre o tema. Se esse comportamento for prolongado, é recomendado um acompanhamento psicológico. Existem casos de crianças que agem como se nada tivesse acontecido, especialmente se não for alguém que faça parte das relações diárias. Também é uma reação natural em situações de perda durante a infância.