Dicas para pais e professores
As histórias contadas popularmente sempre possuem algum objetivo e proporcionam ensinamentos para a vida cotidiana. Lições como honestidade, perseverança, obediência… As histórias que assustam as crianças, por exemplo, normalmente têm como finalidade protegê-las de algum perigo. No caso de “Chapeuzinho Vermelho” e “João e Maria”, notavelmente a maior mensagem é a de que crianças não devem adentrar florestas sozinhas e isso é fatídico, uma vez que é possível perder-se facilmente na densidão de uma floresta.
As fábulas também ajudam a trabalhar os sentimentos que, muitas vezes, ficam escondidos no interior das pessoas, como dúvidas sobre o mundo e sobre si mesmos. No clássico “Patinho Feio”, por exemplo, há diversos aprendizados que podem ser passados de maneira lúdica. A narrativa do patinho considerado feio por todos os vizinhos no lago e que, ao olhar seu reflexo na água, deu-se conta de que nunca fora um patinho feio, mas, sim, um lindo cisne, ensina que nem todos são iguais e que cada um deve se conhecer da melhor forma para se gostar incondicionalmente.
A história também mostra que o preconceito pode magoar. Os patinhos transformaram a vida do cisne com palavras negativas, apenas por ele ser diferente. Esses dois elementos – preconceito e aceitação – são muitos atuais e podem ser explorados em sala de aula e também em casa.
Como trabalhar com as histórias
Sabendo do potencial lúdico e de transmissão de ensinamento que as histórias têm na formação das crianças, preparamos um guia prático que facilita o desenvolvimento dessa atividade tanto em sala de aula quanto fora dela – e isso é muito bem vindo para pais que queiram desfrutar desse momento com os filhos.
Origem e atualidade
Os contos surgiram no século XIV através da obra “Histórias das crianças e do lar”, criada pelos renomados Irmãos Grimm. Os contos e histórias voltados para o público infantil têm como objetivo transmitir a cultura local para as crianças de determinada região, além de ensinar-lhes conceitos éticos e morais, de maneira compreensível. Dentro desse campo existem algumas modalidades de histórias:
Contos: são as histórias inventadas por alguém. Normalmente em diferentes lugares pelo mundo, eles existem e são transmitidos de pais para filhos durante décadas ou mesmo séculos. Muitas vezes ninguém sabe ao certo quem criou tais histórias, mas elas são transmitidas de pais para filhos –, contadas e recontadas.
Fábulas: envolvem animais como personagens e trazem consigo ensinamentos éticos e morais para as crianças, o que gera mensagens implícitas. Por exemplo, no casso de “A cigarra e a formiga” fica clara a ideia de que é preciso haver trabalho para a manutenção da vida e do bem estar social.
Lendas e mitos: histórias contadas em regiões específicas com o objetivo de resgatar ou manter a cultura local. Nesse aspecto, o folclore brasileiro é muito rico e contém inúmeros personagens com suas peculiaridades.
Veja alguns personagens do nosso folclore:
Cuca – assusta os inquietos
Saci – guardião da floresta
Pé de garrafa- gritos assustadores a alguém conhecido
Curupira/Caipora – protetor da floresta
Da teoria à prática
- A escolha do livro
Os clássicos são muito bem-vindos. Temos como exemplo os grandes nomes da literatura nacional, tais como Monteiro Lobato com Sítio do Picapau Amarelo; e Ziraldo com Menino Maluquinho. Existem também outras opções clássicas, como O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, além de vários outros autores.
A dica é fazer uma visita à biblioteca da sua escola e ver as opções que lá se encontram – caso você seja pai, vale a pena ir até uma livraria, e se possível, acompanhado do seu filho (a).
Normalmente há grande diversidade de autores e obras, o que facilita tanto o trabalho do docente que irá lecionar quanto do pai que deseja um momento de aproximação com o filho.
Opte por livros bastante com boa ilustração, coloridos e que possuam várias figuras e gravuras, pois isso estimula a imaginação das crianças.
Histórias com textos que se repetem favorecem a compreensão.
- Conheça a história
Se você ainda não conhece a trama, vale a pena aprendê-la antes de decidir conta-la para os seus alunos ou mesmo filhos. Isso faz com que o desenvolvimento da narrativa seja mais fluído e você a realize de um jeito mais dinâmico. Livros infantis normalmente são curtos, então não custa nada!
- Capriche na comunicação
Comunique-se como se estivesse participando da narrativa. Essas histórias são contadas em processos de aprendizagem e, quanto mais imersivas forem, mais engajamento você obterá e melhor será para o desenvolvimento dos alunos. Faça caras e bocas, chame a atenção das crianças, interaja com elas e com a história. Passe emoção durante a atividade, e com certeza você será para elas um excelente contador(a) de histórias!
- Crie o ambiente
Em casa ou na escola, é importante preparar o local onde vai ser contada a história para garantir que as crianças interajam.
Caso você desenvolva essa atividade em casa, o sofá é a melhor opção. Almofadas espalhadas no chão também são uma boa escolha.
Em sala de aula, reunir-se em círculo com os alunos é melhor para captar a atenção, conversar com os alunos, ouvi-los e mostrar-lhes as figuras e objetos durante a atividade.
Quando um aluno fizer um comentário ou uma pergunta, responda-o de modo dinâmico e participativo, afinal, se ele perguntou ou comentou sobre a história é porque está prestando atenção. De modo algum veja isso como um ato que vá atrapalhar a narrativa.
- Use gatilhos para puxar a atenção
Aumente a participação das crianças. Um exemplo disso pode ser uma história que cite determinado animal, tal como uma girafa. Pergunte-lhes: “vocês já viram uma girafa? Na TV, Zoológico? E como elas são?” – ouça as opiniões e comentários, responda-os e vá avançando com a história conforme o desejado.
Quanto maior o estímulo da interação, maior tende a ser o engajamento das crianças. Essa técnica também funciona como uma espécie de termômetro, na qual você pode observar o nível de interesse dos seus alunos.
Recursos interativos
Distribuir objetos sonoros para as crianças utilizarem em algumas cenas – para imitar barulhos como de tempestades, cavalgada e ruídos de animais – estimula a atenção e a participação.
Neste caso, vale usar a criatividade: papel celofane, caixa de fósforo e garrafinha pet recheada com arroz são exemplos de materiais que ajudam a criar sons interessantes.
- Fantoches e cenários
Bonecos, fantoches e dedoches também são acessórios interessantes. Funcionam como elementos que aumentam o dinamismo da atividade e são muito bem-vindos. São fáceis de fazer e as crianças geralmente adoram, porque podem interagir com os personagens e objetos presentes na trama. Além disso, as cores e o movimento tendem a atrair o olhar, fixando a atenção. O aspecto visual que eles proporcionam é um grande aliado do docente, que pode seguir roteiros de livros e adaptá-los, permitindo maior interação das crianças nas histórias contadas.
- Convidados especiais
Crie eventos com a participação de escritores infantis ou companhias de teatro. A aproximação com autores e atores cria um ambiente lúdico que vai transportar as crianças para o universo das histórias e despertar o gosto pela leitura.
Agora que você já tem as dicas para incrementar a contação de histórias em casa ou no colégio, mãos à obra. A imaginação é o limite!
foto: Google