“Eu não paro de chorar por conta desses meninos que tiveram suas vidas interrompidas por essa tragédia.”
As redes sociais, especialmente o Facebook, foram tomadas por frases como essa, após o terrível incêndio no alojamento do Centro de Treinamento do Flamengo, na Zona Oeste do Rio, que provocou a morte de 10 jogadores da categoria de base do clube. Todos meninos entre 14 e 16 anos. Três ficaram feridos. Jovens cheios de sonhos, que foram interrompidos nesta fatídica sexta-feira, dia 8 de fevereiro.
Foi angustiante ver o desespero de pais, familiares, amigos, professores… todos unidos pela mesma dor… Sentimento que se propagou por todo o país. A rivalidade do futebol foi substituída pela solidariedade.
O ano começou marcado pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, que deixou 157 mortos e centenas de desaparecidos. E o Rio de Janeiro, quando ainda enterrava as seis vítimas do temporal que devastou a cidade, há dois dias, foi arrasado pela morte dos jovens atletas.
O momento é de dor, mas é preciso tocar nas feridas para evitar que novas tragédias aconteçam.
Assim como em Brumadinho, no caso do Flamengo, laudos técnicos apontando riscos e irregularidades também foram ignorados. A Prefeitura do Rio informou que o Centro de Treinamento teve quase 30 autos de infração por estar funcionando sem o alvará necessário. Um edital de interdição chegou a ser emitido em 2017, mas o local continuou funcionando. A nota diz ainda que os Centros de Treinamento do Vasco e do Fluminense também não têm alvará. Questionada sobre o motivo pelo qual não interditou esses locais, a Prefeitura alegou que não tem poder de polícia.
Como disse o jornalista Felipe Barreto, somos “Um país terrível que te obriga a chorar por vítimas de tragédias todos os dias.”
Mas até quando vamos nos manter passivos diante desta realidade?
Crédito da foto em destaque: Ricardo Moraes/ Reuters