Frequentemente chegam até nós notícias de que houve preconceito e discriminação em relação a pessoas ou grupos, seja no ambiente corporativo, acadêmico e até no religioso.
São atos praticados por pessoas de todas as idades, geralmente contra os pretos e pobres das comunidades. Trabalhadores que são desrespeitados no seu direito de ir e vir.
Mas se há violência institucional, há também as violências verbais praticadas em ambientes privilegiados, como as instituições de ensino superior.
E infelizmente refletem os valores que os jovens que frequentam esses lugares cultivam, que a mim parecem completamente equivocados. Passam longe da empatia e do respeito.
Falo especificamente do caso de duas jovens universitárias que debocharam de uma colega de classe de 40 anos, que seria velha para estar no mesmo espaço acadêmico que elas.
O chamado etarismo praticado por elas repercutiu muito mal, uma vez que fizeram questão de expor a desaprovação nas redes sociais.
Mas o que quero abordar de fato neste artigo é de que forma estamos educando os nossos filhos em casa.
Que valores têm sido passados a eles? Estamos ensinando-os a ouvirem não e lidarem com a frustração? A entenderem que nem tudo é do jeito que queremos? Que apesar disso é preciso seguir em frente? A serem resilientes? A respeitarem as diferenças?
Por muitos fatos que temos visto, entendo que ainda precisamos melhorar muito para alcançarmos um nível de civilidade que contemple a todos.
E isto é uma responsabilidade das famílias, que muitas vezes atribuem essa tarefa às escolas. Então, com todo o afeto do mundo, gosto de lembrar que pais educam e a escola ensina.
Não se pode atribuir aos professores a tarefa de educar nossos filhos. Eles já devem chegar na escola com valores e princípios consolidados, ou em construção, para somar experiências com a convivência na sala de aula.
Confesso que não sei o que levou aquelas duas jovens a sentirem prazer em debochar da colega de 40 anos que “ousou” ocupar o mesmo espaço acadêmico que elas, sendo uma “velha” de 40 anos.
Mas penso que jamais esquecerão as consequências desse ato talvez até impensado. A repercussão foi tão ruim que elas deixaram o curso.
Quando educamos filhos para o mundo eles são orientados a entender que as diferenças existem, precisam ser respeitadas e que a pluralidade nos enriquece, mesmo que não concordemos o tempo todo.
O “X” da questão é de fato ensiná-los que podemos ser diferentes. Mas que essa diferença não nos torna superiores, mesmo diante das vantagens econômicas e sociais que possamos ter.
Confesso que ainda sonho com o mundo em que todos sejam respeitados, independente de condição social ou credo religioso. E penso que as famílias têm importância fundamental na construção dessa sociedade mais justa e fraterna.