Assisti a uma entrevista da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa que abordava a importância de tratar os traumas de infância para que não interfiram na vida do adulto.
A psiquiatra fez um alerta que em primeiro lugar seria fundamental definir o que é trauma, que não pode ser confundido com as dificuldades normais da vida.
Ana Beatriz destacou que o trauma é algo inimaginável, que o cérebro nunca esperou viver. Citou como exemplo o fato de você presenciar alguém pular de uma janela e não poder fazer nada para evitar.
Por isso, destacou a especialista, os traumas precisam ser tratados e não podem ser minimizados.
Um dos maiores traumas, enfatizou, é o abuso sexual. Segundo ela, a criança precisa ser incentivada a falar com as pessoas que são de sua absoluta confiança, após ser devidamente assistida por um profissional.
A psiquiatra pontuou que é libertador quando as crianças falam, porque ao se calar elas vão adoecendo aos poucos e comprometendo a relação com outras pessoas.
“Sempre há uma maneira de dar espaço às crianças para falarem e dar a elas credibilidade e segurança para que possam falar”.
Então pais fiquem atentos às recomendações da especialista, que atendeu muitas crianças abusadas ao longo de sua carreira.
Não descredibilize o que o seu filho/filha contou e nunca fale para a criança não comentar com ninguém.
Ela pode comentar com quem quiser porque ela não cometeu nenhum crime. Ela não pode, nem deve se sentir culpada. Ela é a vítima nessa história e isso precisa ficar claro.
Mas tem um detalhe, infelizmente nefasto. O abuso sexual geralmente é praticado exatamente pelas pessoas do relacionamento íntimo da criança, por pessoas em quem ela confiava muito.
Por aquelas que davam aconchego, e de repente provocam tanta dor e fazem ameaças para que o abuso não seja revelado.
Ao descobrir que seu filho é abusado, o primeiro passo é afastar a criança do abusador para que ela possa ser cuidada longe do que a ameaça.
Ela precisa ser acolhida para enfrentar a situação de forma adequada para não chegar na vida adulta desconfiado, descrente, magoado, com níveis de ansiedade muito grande, aconselha a médica.
Em resumo, o que Ana Beatriz Barbosa frisou foi que o não tratamento adequado dos traumas na infância vai levar a adultos com muita culpa, a sensação de não serem pessoas bacanas, comportamentos de limpeza e arrumação excessivas.
O grave é que isso evolui para a depressão. E tem mais um alerta: a depressão das crianças abusadas que não foram assistidas pode levar a adultos com tendências suicidas.
Os professores têm sido importantes na identificação de vítimas de abuso sexual, seja pela mudança de comportamento dos alunos, seja porque os estudantes se sentem à vontade para relatar suas dores.
Então estejamos atentos para que, como bem alertou Ana Beatriz Barbosa, as crianças não sejam sequestradas de suas vivências felizes da infância.
Fique alerta aos sinais de que a criança sofreu abuso sexual:
– A criança gostava muito de um parente ou amigo, e de repente passa a evitá-la, demonstrando medo com sua presença;
– Mudança no padrão de alimentação ou sono. Comem ou dormem mais ou menos que antes;
– As que tinham abandonado a fralda voltam a fazer xixi na cama e têm crises de choro;
– Mudança de comportamento. A criança se torna mais agressiva, ou se isola do restante da família;
– Apresenta atrasos no desenvolvimento;
– A criança começa a apresentar comportamento sexualizado, inadequado para a idade;
– Do nada a criança aparece com hematomas e fraturas.