Se você é mãe de pré-adolescente vai se identificar com esse texto. Se ainda não tem filhos ou se eles são bem pequenos, um dia vai viver o sentimento que aqui vou descrever. E se tem filhos crescidos, vai gostar de ler pelas lembranças que virão na sua mente.
Meu coração hoje é um misto de apreensão e alegria. Minha filha Luiza, de 12 anos, partiu com os amigos para a primeira viagem da escola. Já houve viagem com os avós, tios, padrinhos, pais das amigas, mas “sozinha”, sem ter alguém muito ligado para dar o suporte, será a primeira vez. Como diz o psicanalista e educador Rubem Alves, o voo faz parte da vida:
“Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho… Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas. Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo…
Existem muitos jeitos de voar. Até mesmo o voo dos filhos ocorre por etapas. O desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a primeira dormida fora de casa, a primeira viagem…”
No meu caso chegou o momento da primeira viagem, para Mendes, no Sul Fluminense. Passamos a semana inteira conferindo a lista do que levar, o roteiro das atividades e tudo que não poderia ser esquecido. E não é que ela esqueceu a garrafa d’água em cima da pia da cozinha? Tudo bem, vai ter que arrumar um jeito de comprar por lá.
Na véspera, Luiza dormiu cedo porque queria acordar bem disposta às 5h30. Se ela dormiu a noite inteira, eu não sei. Eu acordei várias vezes achando que o despertador não tinha tocado. A expectativa dela era tanta que eu não poderia falhar. A menina que não gosta de chegar atrasada na aula, também não queria chegar atrasada no ponto de encontro para Mendes.
O relógio tocou, ela acordou, tomou banho, se arrumou, dei mil recomendações e lá se foi a filhota com o pai, de mala pendurada no ombro e mochila nas costas, rumo ao seu voo. Eu corri na porta, dei mais um beijinho e disse mil vezes: eu te amo.
Agora deixa ela partir, disse minha consciência. E eu obedeci. Coração apertado, mas ciente de que os voos fazem parte da vida. Até sábado, dia em que ela voltará, o jeito será acompanhar as novidades pelo grupo de WhatsApp que foi criado para os responsáveis. Sem Fake News, graças a Deus! Só notícias boas, aprendizado e lembrança que eles vão levar para a vida.
Voltando ao texto de Rubem Alves: “é preciso ter coragem para voar e deixar voar. E não há estrada mais bela do que essa”. Assim seja!!!