A tecnologia ampliou o acesso à informação e personalizou o ensino, mas também trouxe desafios. O uso excessivo de telas já é considerado um problema de saúde pública em vários países. Estudos da JAMA Pediatrics e do National Institutes of Health (NIH) alertam para o aumento da ansiedade, depressão e dificuldades de aprendizado entre crianças e adolescentes. O desafio é equilibrar inovação e tradição no ensino.
Esse impacto agora chega às comunidades remotas, incluindo povos indígenas. A internet abre oportunidades, mas também ameaça os modos de vida tradicionais. Jovens indígenas, antes conectados à natureza e à cultura ancestral, passam mais tempo em dispositivos digitais, consumindo conteúdos que desvalorizam suas raízes. Um estudo da UNESCO mostrou que, na América Latina, a adoção da internet sem mediação educacional levou à perda gradual da língua nativa e ao enfraquecimento cultural. Sem políticas educacionais bem planejadas, esse processo pode agravar a desagregação cultural e aumentar os índices de adoecimento mental.
Outro problema é a falta de estrutura nas escolas para lidar com a tecnologia. O Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) promove o livro impresso, enquanto o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) avança para o digital, sem levar em conta a realidade das escolas. Professores, sem treinamento adequado, lidam com materiais digitais pouco intuitivos, e muitas instituições sequer possuem internet de qualidade. O desalinhamento dessas políticas compromete a aprendizagem e desperdiça recursos. Materiais incompatíveis, falta de capacitação e plataformas subutilizadas são exemplos desse problema.
Diante disso, é essencial oferecer suporte aos professores com estratégias como:
- Capacitação digital acessível – Formação contínua para integrar a tecnologia de forma equilibrada, combinando o digital com o material impresso.
- Metodologias híbridas – Ensino que mescla recursos digitais e materiais físicos, promovendo leitura e escrita manual.
- Espaços sem tecnologia – Momentos livres de dispositivos, incentivando interação e reflexão crítica.
- Uso estratégico da tecnologia – Ferramentas interativas e gamificadas para reforçar o aprendizado sem substituir o ensino tradicional.
- Envolvimento familiar – Orientação para pais sobre o impacto das telas e incentivo ao uso consciente da tecnologia.
- Respeito à cultura local – Uso da tecnologia para valorizar a língua e o conhecimento tradicional em comunidades indígenas e demais povos originários.
É urgente equilibrar o uso da tecnologia com métodos tradicionais. A capacitação dos professores, investimentos adequados e uma abordagem que priorize a saúde mental dos alunos são fundamentais. Em vez de adotar a tecnologia de forma indiscriminada, é preciso construir políticas que atendam às necessidades reais das escolas e estudantes. Estamos formando cidadãos críticos e saudáveis ou apenas seguindo tendências sem medir as consequências?
O equilíbrio entre tecnologia e ensino tradicional é essencial para uma educação saudável e eficaz. Como preparar professores e alunos para esse desafio?