O ano já começa com uma data importante para a área do ensino: em 24 de janeiro se celebra o Dia Internacional da Educação. A data foi criada em 2019 pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para reforçar o papel do ensino para a paz e o desenvolvimento. A agência da ONU quer lembrar ao planeta que a educação é um direito humano, um bem público e uma responsabilidade pública.
“Sem educação de qualidade inclusiva e equitativa e oportunidades ao longo da vida para todos, os países não conseguirão alcançar a igualdade de gênero e quebrar o ciclo de pobreza que tem deixado para trás milhões de crianças, jovens e adultos”, destaca a Unesco.
A agência ressalta que é preciso um esforço conjunto para reverter alguns índices preocupantes: 258 milhões de crianças e jovens em todo o mundo ainda não frequentam a escola; 617 milhões de crianças e adolescentes não sabem ler e fazer contas básicas e cerca de quatro milhões de crianças e jovens refugiados estão fora da escola. A pandemia agravou ainda mais este quadro.
O diretor global de educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra, ressalta que atualmente, mais do que nunca, é preciso estimular esforços nacionais e globais para acabar com a pobreza na aprendizagem, que engloba dois terços das crianças em todo o mundo incapazes de ler e compreender um texto simples aos 10 anos de idade.
“Isso é inaceitável e uma ameaça às perspectivas de crescimento e desenvolvimento de muitos países. Na maioria dos países, o direito à educação está consagrado nas Constituições e é uma parte visível de todas as plataformas políticas. Mas, na maioria dos países de renda média e baixa, esse direito é, na melhor das hipóteses, apenas parcialmente cumprido. Em alguns casos, a educação de baixa qualidade leva a maus resultados dos alunos e, em outros, a educação básica não é gratuita ou a experiência educacional é interrompida por conflitos prolongados”, avalia Saavedra.
Aqui no Brasil, o direito à educação é garantido na Constituição. Em seus artigos 205 e 206, ela estabelece objetivos e princípios que integram o direito fundamental à educação, o qual deve visar ao “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. No entanto, ainda precisamos evoluir para assegurar que todas as crianças brasileiras tenham acesso ao ensino verdadeiramente de qualidade.
Para o diretor do Banco Mundial, os líderes políticos, comunidades empresariais, comunidades educativas e a sociedade em geral – aqui em nosso país e em qualquer lugar do planeta – devem agir com rapidez para recuperar o aprendizado e reconstruir sistemas que se concentrem incansavelmente na melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem. “Devemos abordar isso antes que as perdas de aprendizado da pandemia deixem uma cicatriz permanente no futuro das crianças”, alerta.
Estou certa de que com união, esforço coletivo e boa vontade seremos capazes de evitar que as feridas ainda abertas da pandemia se transformem nesta cicatriz permanente apontada por Jaime Saavedra.