Na hora da dor, somos iguais. A morte é destino de todos e não pode mais ser considerada castigo, como na época da tirania. Vale lembrar que até o filho de Deus, foi condenado a morte.
Independente das circunstancias, brancos, negros, miscigenados, ricos e pobres, famosos ou sem fama, religiosos e os sem religião, politizados ou avessos, condenados e seus executores, bons ou maus, todos morrerão.
Não devemos chorar apenas pelo homem que decidiu tirar a vida ao vivo no Facebook justificando a sua morte ou pelas 278.839 pessoas assassinadas no Brasil, números equivalentes a um país em guerra, devemos chorar também pelos mortos nas guerras, pelos cristãos assassinados em função da sua fé, chorar pelas crianças violentadas no mundo todo. Devemos chorar por todos que partiram deixando amigos e familiares sofrendo a dor da saudade.
Não podemos tripudiar sobre a dor alheia e cultivar ódio. Todos têm direito de chorar os seus mortos.
A única certeza de quem está vivo, é ela, a morte, e ninguém pode fazer nada para impedi-la. Na hora da dor, somos crianças em busca de consolo, seres transmutáveis se redescobrindo.
A justiça não saiu das mãos de Deus e nunca sairá. Do mais forte ao mais fraco, do mais poderoso ao mais humilde, ninguém fugirá do seu destino. Não devemos julgar ninguém. Ele o fará por nós.
As diferenças de pensamento e de posição não podem nos tornar insensíveis. Nenhum de nós é capaz de mensurar o sofrimento que aflige o coração de um semelhante.
Na hora da dor, o desespero da perda dissolve o homem. E isso vale para todos. Será que não somos mais capazes de exalar o perfume do amor ensinado por Jesus? O ódio assumiu o lugar da solidariedade e do amor ao próximo?
Não importa a quem, mas celebrar mortes, desgraças e tragédias não devem fazer parte dos sentimentos de nenhum ser humano.
Qual herança quer deixar para seus filhos?
Ensina que deve aceitar o não, pois nem todo não desconstrói. Ensina a respeitar o próximo, mas isso só vale para os mais próximos. Ensina a dividir, mas você mesmo só pratica o egoísmo. Ensina a falar a verdade, mas é um grande mentiroso. Ensina a amar, mas semeia o ódio e destila veneno por onde passa.
O que ensinar ao seu descendente, ensina com atitudes e não com palavras.
Neste momento, no mundo inteiro, muitas famílias choram suas dores, famílias como a minha e a sua. Estamos carentes de atitudes gentis, de estender a mão.
Tenho refletido bastante sobre o comportamento da humanidade. É bíblico. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mateus 24, 12
Diante do quadro de ódio que assisto espalhado mundo afora, penso que o capítulo inteiro se cumpre dia a dia.
O homem se esqueceu que são ações generosas que nos definem como criaturas racionalmente sensíveis.