Cresce no Brasil e no mundo casos de vítimas de bullying virtual 

Veja como identificar e enfrentar o problema 

Você já ouviu falar no bullying virtual ou cyberbullying? Pois esse é um problema dos tempos modernos que vem ganhando proporções preocupantes em todo mundo. O bullying virtual ou cyberbullying é o termo usado para designar práticas de violência que acontecem principalmente pela internet. As vítimas costumam ser crianças e adolescentes em idade escolar e que são usuárias de redes sociais. O agressor geralmente se mantem no anonimato, sob a falsa crença de que não será identificado.

Brasil só perde para Índia no ranking 

Um estudo realizado este ano pelo Instituto Ipsos, que é a terceira maior empresa de pesquisa e de inteligência de mercado do mundo, coloca o Brasil como o segundo país com a maior incidência de casos de cyberbullying no mundo. Quase 30% dos pais consultados relataram que os filhos foram vítimas de violência online. O país só perde da Índia, onde 37% disseram que as crianças ou adolescentes foram tratados de forma ofensiva – a média global é de 17%. Foram entrevistadas 20,8 mil pessoas em 28 países.

Para a psicóloga clínica Bianca Pancini, do Centro Junguiando, dependendo da idade, os pais conseguem ter um controle maior, tendo uma abertura maior para observar, controlar o conteúdo utilizado na internet, assim como o tempo de uso, condicionando a permissão dada aos filhos com um acordo, determinando condições e também sempre esclarecendo e orientando sobre os perigos reais. “Quando os filhos são mais velhos, pré adolescentes em diante, no entanto, esse controle torna-se mais difícil. Neste caso, vale muito a observação, uma boa percepção por parte dos pais em relação ao comportamento de seus filhos. Nunca esquecer que para estes também deve-se orientar e mostrar matérias, relatos sobre os reais perigos”, sugere a especialista.

A psicóloga chama a atenção para as consequências da superexposição da vítima. “A superexposição potencializa os efeitos negativos, gerando vergonha, uma maior culpa, provocando muitos danos na rotina da sua vida, como o isolamento”, aponta.

A responsabilidade da escola

A pesquisa Ipsos revela que, em geral, o agressor é alguém que convive diariamente com a criança ou com o adolescente, principalmente colegas de classe. O ambiente escolar é o local onde acontecem 51% dos casos de bullying no mundo. Para a especialista, a escola não pode se omitir: “O colégio é uma extensão da casa. A escola sempre terá um papel importante, podendo ajudar com palestras, dinâmicas de grupo, documentários e discussões, tanto em sala em de aula quanto em reuniões para os pais”.

A terapeuta, que já recebeu em seu consultório pacientes vítimas de bullying virtual, diz que a criança ou adolescente precisa de acolhimento no primeiro momento para que sinta confiança para falar sobre o assunto. “O psicólogo mostra que conhece e entende o sentimento da vítima neste momento e a ajuda a lidar com isso, verbalizando, procurando esclarecer e reconhecer certos tipos de abordagens, ajudando a tomar outras decisões, podendo se proteger melhor desse tipo de exposição”, afirma.  

Bianca aconselha que os pais estejam sempre vigilantes. Mudanças repentinas de comportamento podem ser um sinal de alerta. “Basta estarem atentos e serem participativos na vida de seus filhos. Mesmo que o diálogo na fase da adolescência possa ser mais restrito, há muitos outros sinais que podem ser percebidos e reconhecidos pelos pais.

O isolamento, introspecção, agressividade, sensibilidade aumentada e irritabilidade, podem ser alguns dos sinais”, ressalta a psicóloga.

Onde denunciar 

É importante lembrar que os crimes ou ataques realizados através da internet, incluindo os comportamentos patológicos, são passíveis de punição e devem ser denunciados. É preciso juntar as provas – salvar links, capturas de tela, áudios, vídeos – e procurar uma delegacia especializada em crimes digitais. Dúvidas podem ser esclarecidas no Safernet, que é uma central de denúncias de crimes cibernéticos. Anote o link: https://www.safernet.org.br/site/institucional/projetos/cnd

Virtual ou presencial, Bianca Pancini adverte que todo tipo de bullying é preocupante e deve ser combatido. “A exposição que o cyberbullying provoca, sem dúvida, causa grandes danos psíquicos e emocionais para a pessoa. Porém, acredito que, dependendo da frequência, local em que ocorre e a estrutura emocional de cada um, as consequências do bullying tradicional podem ser tão graves quanto”, afirma.

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