O primeiro dia de aula pode ser muito difícil, tanto para os pais, quanto para as crianças. Enquanto algumas choram, outras se mantém quietas e observam o comportamento dos novos colegas. O adulto deve entender que o momento precisa ser planejado, assistido e compreendido, pois da noite para o dia os pequenos deixam o conforto do seu ambiente e terão que enfrentar rotinas diferentes e gente desconhecida.
Segundo a doutora em Educação, Cristina Carvalho, é preciso fazer uma leitura da reação comportamental de cada criança.
“Se o choro na hora da separação nem sempre significa que a criança não queira ficar na instituição, a ausência do choro também não é sinal de que ela está bem e queira permanecer naquele espaço. Os infantes possuem diversas formas de manifestar os seus sentimentos e choro não pode ser considerado uma linguagem.\”
Por isso, por se tratar de crianças com menos de 2 anos de idade, o ideal é que os responsáveis busquem uma instituição que esteja localizada próxima a sua casa ou do seu trabalho, para facilitar sua visita ao longo do dia e a rotina seja respeitada: contato físico, sono, alimentação, brincadeiras… A mudança de hábitos pede muita atenção dos pais.
Dicas que podem ajudar o seu filho na sua primeira experiência em um espaço coletivo fora de casa:
Antecipar o que vai acontecer: levar o seu pequeno para a escola sem contar-lhe o porquê, o que encontrará ali e como passará o dia, poderá fazê-lo se sentir abandonado.
Chorar perto da criança: entre lágrimas, gritos desesperados e cara de tristeza, segure as pontas, mantenha-se firme e sereno. Mostrar-se triste ou chorar vai lhe causar mais insegurança. Os sentimentos dos pais influenciam diretamente no comportamento dos filhos.
Voltar para se despedir: é desaconselhado voltar, ainda que estiver ouvindo o seu filho gritar ou espernear. É preciso que a família confie no trabalho realizado pela instituição eleita, que vai passar a dividir a responsabilidade pela educação da criança. Ela não está sendo deixada sozinha, e sim, ingressando em um espaço planejado, com atividades diversas para o seu desenvolvimento.
Observar como a criança está se comportando: se sentir necessidade de saber o que o seu filhinho está fazendo, não se aproxime por lugares que ele possa vê-lo. Caso te veja, vai querer ir embora com você e somente terá provocado uma birra sem necessidade.
Respeitar o período de adaptação: sabemos que também não é fácil para os pais se afastarem dos seus bebês, porém, é necessário dominar a ansiedade para que a mudança na rotina do seu filho aconteça de forma tranquila. Importante ainda que o tempo da criança seja respeitado. O que quer dizer que, para que ela tenha uma adaptação sem problemas, o ideal é que passe somente algumas horas na escolinha durante os primeiros dias.
Se despedir: nunca deixe o seu bebê nas mãos da educadora e saia correndo. Os responsáveis devem dar um beijinho, fazer uma carícia e recordar-lhe que voltarão em pouco tempo para resgatá-las. Outra dica: abaixe-se para falar com ele. A conversa ‘olho no olho’ traz mais segurança ao pequeno.
Momento da separação: o momento da despedida não deve ser prolongado. Também não é recomendado consolar a criança várias vezes. É melhor se despedir de forma carinhosa sem estender muito o momento.
Interrogatório: interrogatórios sobre o dia da criança na instituição devem ser evitados. Apesar da curiosidade e preocupação, investigar a criança sobre a escola pode ser nocivo, porque elas ainda não percebem a importância da instituição para o seu futuro. O que deve ser cultivado é o diálogo constante com os educadores e toda a equipe escolar.
Vale lembrar que o ensino não deve ser imposto como uma obrigação, mas como uma ação natural e agradável do cotidiano infantil, como tantas outras. O cérebro funciona muito melhor quando sentimos prazer naquilo que fazemos. Então, “bora” estimular as emoções positivas das nossas crianças? Esta perspectiva opera, por vezes, verdadeiros milagres na atitude das crianças em relação ao papel da escola em sua vida!
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