Hoje é o Dia Mundial da Alfabetização, uma data extremamente importante para quem, como eu, trabalha com literatura e, mais especificamente, com escolas. O 8 de setembro foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU/Unesco), em 1967, para destacar a importância social da alfabetização, que é um direito universal.
Entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a alfabetização deve ser assegurada por meio da educação inclusiva, equitativa e de qualidade. Já no Plano Nacional de Educação (PNE), entre as 20 metas previstas, está erradicar o analfabetismo até 2024. Objetivo que ainda parece distante em nosso Brasil que, em pleno século XXI, ainda tem cerca de 11,5 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever.
Dados recentes apontam, ainda, que menos da metade das crianças que chegam ao 3º ano têm aprendizagem considerada adequada em leitura (45,3%) e 66,1% dos alunos neste mesmo ano têm aprendizagem adequada em escrita. A pandemia aprofundou esse abismo social. Com as escolas fechadas, o ensino remoto foi, por um bom tempo, em 2020, a única possibilidade de cumprir o calendário do ano letivo. Quem não tinha computador e internet em casa se tornou excluído digital. Uma defasagem que pode levar anos para ser recuperada.
É importante mostrar que, para além da alfabetização, hoje, os educadores trabalham com o conceito do letramento. A diferença é que a alfabetização é um processo de aprendizagem no qual a pessoa desenvolve a competência de ler e escrever, enquanto que o letramento se ocupa da função social dessa leitura e dessa escrita. Uma reportagem do site do Canal Futura explica bem cada significado: enquanto aquele que é alfabetizado reconhece o sistema de escrita, o letrado vai além e utiliza a leitura e a escrita nos mais variados contextos, interpreta, compreende e organiza discursos e reflexões.
Certo é que a alfabetização, e mais ainda o letramento, são essenciais para dar autonomia às pessoas. A minha história mostra que é possível superar barreiras e conquistar essa autonomia. Vinda de uma família humilde, do interior do Espírito Santo, fui alfabetizada aos 5 anos, com muito esforço da minha mãe. Aos 12, comecei a escrever e fazer literatura. A profissionalização, no entanto, veio há 10 anos, quando lancei meu primeiro livro: o romance “Um amor, um verão e o milagre da vida”, reeditado com o nome “O Recomeço”. Hoje, totalmente voltada à literatura infantojuvenil, tenho quase 40 títulos publicados e mais de 100 histórias escritas. Com a minha editora, a Colli Books, escolhi como missão levar leitura e conhecimento a cada cantinho desse país tão gigante, mas ao mesmo tempo, tão desigual em oportunidades.
Por Isa Colli, jornalista e escritora