Leitura como herança

Li recentemente uma matéria do jornalista Flávio Vasconcelos, de O Globo on line, publicada em julho, em que ele falava de dados da  4ª Edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.

A pesquisa foi promovida pelo Instituto Pró-Livro e realizada pelo Ibope em todo país no ano passado. Ela mostra que existe uma forte associação entre a formação de novos leitores e o hábito de leitura dos pais.

Os dados são interessantes, e não há como não me lembrar de minha mãe. Os números indicam que cerca 26% dos leitores dizem que suas mães \”sempre\” liam para eles. Então podemos concluir que o hábito da leitura é uma herança que podemos deixar para nossos filhos. Os dados apontam que pais que leem geralmente têm filhos leitores.

E eu diria mais. O incentivo do hábito da leitura pode criar uma geração de leitores. Os momentos do dia em que minha mãe lia era quando íamos dormir. Nos outros horários ela estava na lida na roça, ou cuidando dos afazeres domésticos. Então não lia para si. No tempo que tinha, priorizava a leitura para nós, nos incentivando a gostar de ler e aprender de forma lúdica. Uma sábia, na sua simplicidade.

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Dona Nevinha, minha mãe, mulher simples, era trabalhadora rural, de pouco estudo, mas que contava histórias das “cartilhas” que comprava, ou as que ela, de forma bastante criativa, inventava todas as noites, antes que eu e meus irmãos fôssemos dormir. Fui alfabetizada muito cedo, ouvia histórias e amava, sempre querendo saber o fim dos contos e fábulas ainda no começo do relato.

Então vemos comprovada por pesquisa uma informação a que já tivemos acesso, e no meu caso, que já experimentei. E o Professor Ezequiel Theodoro da Silva, professor da Faculdade de Educação da Unicamp, informa que estudos indicam que a família,  e também os professores, são agentes importantes na formação do hábito da leitura.

Mas o professor afirma que além da influência e exemplo, os pais precisam conversar sobre o que leram, porque essa conversa fornece os pilares de um leitor assíduo, porque quando um conta para o outro o que leu, as dificuldades e as interpretações são partilhadas.

Então leia e partilhe as informações com os seus filhos. Em tempos de tanta tecnologia, valem as leituras em tablets, smartphones e outros meios digitais. Mas confesso que para mim nada substitui a boa e velha sensação da textura das páginas e do cheirinho dos livros de papel.

Mas o importante é ler. Sempre e cada dia mais. Parafraseando o educador Paulo Freire quando diz que a “Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”,  eu digo que com certeza a leitura transforma não apenas o mundo, mas também a vida das pessoas.

Ler e escrever para mim continua sendo um grande prazer. Como nos meus tempos de infância em Presidente Kennedy, no Espírito Santo, onde nasci.

Fotos: Márcia Leal

 

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