Nada de Supernanny na educação dos seus filhos

Quem nunca assistiu o programa da adestradora de crianças, a Supernanny? Ela usa métodos para manter a criança sentada, repetindo inúmeras frases por longos minutos, como “não posso fazer bagunça”, “não posso fazer bagunça”. Ela retrata o tormento dos pais e dá dicas de como proceder com seus filhos dentro de casa.

Mas será que o exorcismo da Supernanny funciona mesmo?

Segundo a consultora pedagógica paulista Cleusa Capelossi, a reação dos pais diante das birras precisa ser muito bem pensada. Para ela, bater ou colocar de castigo é perda de tempo. O conselho de Cleusa é que a repreensão deve ser por meio de conversa e os adultos devem entender qual sentimento está escondido na atitude do filho e observar se para ele os limites estão claros.

Se você já passou por algumas das situações baixo, bem-vindo ao clube.

Criança fazer escândalo e se jogar no chão para ser atendida é mais antigo que Matusalém, filho de Enoque e avô de Noé.  Segundo a pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein Dra. Monica Picchi, – faz parte do desenvolvimento pueril, lidar e superar as frustrações sem birra. Por isso, se seu filho se joga no chão e fica esperando sua reação, converse com ele, explicando com calma que a sua atitude não faz sentido. Se a criança estiver com sono, fome ou insatisfeita, ajude-a dizendo algo que a desligue do momento. Pergunta se ela está com fome ou ofereça outra coisa, informando sempre que ficar jogada no chão não vai resolver o problema. Crianças não sabem nomear sentimentos e estimula-la a expor emoções e desejos é parte do processo de educação dos pequenos.

E brincar com a comida? Mesmo não fazendo por maldade, é desgastante limpar sujeira de legumes, ovos, cereais. Mas fica aqui uma observação: tentar comer sozinho é uma prova de sua independência. Agora, jogar comida para fora do prato ou no chão, cuspir e acabar transformando a refeição em um momento cansativo para todos, não pode. Nesse caso, procure fazer com que seu filho encare o almoço e o jantar como um momento em que a família se reúne, conversa, descobre novos sabores e se delicia com o gosto dos alimentos. Verá que um momento trágico se transformará em uma grande festa.

Falar errado, imitando um bebê pode ser a forma que a criança encontrou para chamar a atenção dos adultos e reivindicar atenção. Também pode ser que faça isso para imitar um bebê que estiver por perto ou mesmo para parecer menor do que é. Uma dica: Não apontar o erro, repita a palavra ou a frase dita da forma correta sem dá atenção ao ocorrido.

As crianças adoram desenhar e ver o resultado de seus traços, e as paredes e sofás podem virar um suporte como outro qualquer para que risquem e rabisquem. Muitas vezes, elas consideram o desenho um presente para a família. Cabe ao pais ensinar os locais adequados, como lousas e folhas de papel, e pensar como proporcionar momentos prazerosos para os filhos. Que tal cobrir uma parede da casa com um pedaço de papel kraft e convidar seu filho para brincar?

Sabemos que os bebês exploram o mundo pela boca, o que inclui, muitas vezes, morder. Mas os pais não devem aceitar tais comportamentos em crianças com mais de dois anos.  Algumas situações estimulam tais atitudes, como o nascimento de um irmão, por exemplo. Outros fatores que podem tornar a criança agressiva são mudança de cidade ou separação dos pais. Para momentos como esse, é importante impor um limite físico. Primeiramente, contenha a criança, sem machucá-la, claro. Quando ela se acalmar, diga que o ato não pode se repetir porque não é legal machucar as pessoas. É essencial conversar na sequência do ocorrido, enquanto o episódio está fresco na memória do filho.

Outro fator que preocupa bastante quem está educando é o fato de saber lidar bem com egocentrismo infantil. Não é fácil para a criança pequena aprender a dividir seus objetos. O processo acontece aos poucos, à medida que se deparam com desafios no convívio social. A intermediação do adulto é fundamental, porque apresenta modelos a serem seguidos. Os pais podem ensinar o filho a defender o que é dele sem agressões e mostrar que trocar temporariamente de brinquedos com um colega pode ser divertido.

Correr sem roupa pela casa para fugir do banho é natural, pois uma criança de dois anos em diante entende que existe hora para tudo, mas nem sempre concorda com as decisões dos adultos. A fuga do banho é um típico sinal de protesto. Para resolver a situação, experimente transformar a experiência cansativa em momento de conversa, brincadeira e relaxamento. Às vezes, a rebeldia pode ser apenas um pedido por mais atenção.

Então, nada de mágica ou de Supernanny na educação dos seus filhos. Exercitar o poder das palavras ainda é a melhor opção, além do exemplo, é claro.

Dizer, faça o que digo e esqueça o que faço não funciona. Filhos são espelhos dos pais.

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