Separar gêmeos na escola ajuda ou prejudica?

A nova tendência das instituições de ensino, principalmente das escolas particulares, é separar irmãos gêmeos pois, segundo alguns psicólogos, se eles convivem pouco com outras crianças podem se tornar dependentes um do outro. Eles acreditam que estudar em salas separadas facilita o processo de construção da identidade e amplia as possibilidades de contatos sociais, permitindo que cada um se sinta único diante dos colegas e dos professores.

Porém, essa é uma decisão difícil para os pais, que hesitam em separar os filhos, uma vez que a ligação entre os irmãos é forte, têm muitas afinidades e partilham os mesmos interesses, o que acaba tornando-os mais unidos ainda. A grande preocupação parental é que uma ruptura pode ser nociva para o desenvolvimento dos pequenos.

A ideia de que gêmeos formam uma unidade deve ser evitada para garantir a individualidade de cada um.

Obviamente eles são mais ligados pela inexistente diferença de idade, o que não ocorre no caso de outros irmãos, todavia, muitos fenômenos que podemos observar com os gêmeos são igualmente vistos em crianças e pessoas que partilham o mesmo ambiente familiar e social.

Mas o que funciona para um pode não funcionar para outros. Não podemos esquecer que gêmeos podem ser semelhantes em muitas coisas, mas são pessoas diferentes, portanto, alguns podem levar a separação numa boa, mas, para outros essas separações são negativas. O novo cenário apresentado à criança pela ruptura da convivência diária a expõe a um estado de dependência excessiva que, como consequência, pode voltar a fazer xixi na cama,  disputar espaços como fazia antes e brigar por coisas bobas, inclusive queixar-se e sentir ciúmes das novas amizades que tendem a monopolizar constantemente os seus pares, proporcionando distanciamento em momentos de lazer como, por exemplo, a hora do recreio.

Será que a separação de gêmeos na escola leva ao crescimento pessoal? A separação pode interferir no aprendizado?

“Pesquisadores holandeses de uma universidade de Amsterdã revelaram, no final de 2009, que separar gêmeos na escola não interfere no aprendizado. Durante o estudo, eles acompanharam 2.003 pares de gêmeos nascidos entre 1986 e 1993 até eles completarem 12 anos. O grupo era formado por 839 gêmeos idênticos e 1.164 não idênticos. Até os 12 anos, 72% deles estudaram na mesma turma, 19% em turmas separadas e 9% estudaram juntos em algum momento da vida escolar. Ao completarem 12 anos, todos eles foram submetidos a um teste de nivelamento para medir conhecimentos, que incluíram, entre outras disciplinas, gramática e matemática. Na análise dos resultados, os pesquisadores não encontraram nenhuma diferença substancial entre os três grupos de irmãos e, então, concluíram que separá-los durante a vida escolar não interfere no aprendizado”.

Como a escola em si já possibilita a construção de novos relacionamentos e o exercício de valores, cabe aos pais orientar os gêmeos nessa direção, com o objetivo de fazê-los descobrir que, independentemente da aparência e das comparações inevitáveis que sempre haverá entre eles, todas as experiências vivenciadas são únicas, repletas de sentimentos e lembranças individuais.

Caso a separação esteja trazendo prejuízos para os envolvidos, pais e educadores devem traçar uma estratégia para solucionar o problema porque, acima de tudo, o direito e as limitações das crianças precisam ser respeitados.  E a função dos adultos é facilitar a vida dos pequenos.

foto: Google

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