Vamos entender por que as crianças brigam?

Crianças são sensitivas, perceptivas e astutas; mais que isso, elas são altamente emocionais e sabem reconhecer afinidades com os coleguinhas desde muito pequenas.

Entre 4 e 6 anos elas gostam de brincar em grupo e identificam muito bem os amiguinhos que mais gostam de estar juntos. Nessa fase, qualquer aborrecimento é motivo para não querer ser mais amigo de alguém, emburrar e chorar. Claro que a inimizade dura apenas alguns segundos, mas na maioria dos casos os envolvidos acabam ficando bem chateados.

O que fazer quando a brincadeira termina em gritos, xingamentos, empurrões, puxões de cabelo, tapas, mordidas e arranhões? Nesse momento, o adulto deve ter bem claro o modo como quer resolver o impasse: ele intervém, chama a atenção e incentiva o pedido de desculpa ou deixa que as crianças resolvam suas diferenças por conta própria?

Primeiro, é necessário entender por que as crianças brigam. Será que elas simplesmente são agressivas, mimadas ou egoístas? Não! Essa é uma fase importante do amadurecimento infantil. Crianças nessa faixa etária estão conhecendo seus sentimentos, suas emoções e reações, bem como aprendendo a se relacionar e a conviver socialmente, abandonando aos poucos o egocentrismo.

É normal serem possessivas e enciumadas, impondo suas vontades: É meu! Me dá? Não dou! Não empresto! Sai daqui! Vai embora!

A escola tem um papel importante nesse processo, pois é ela que oferece o primeiro ambiente comunitário, onde as crianças precisam dividir tudo. Mais que dividir o espaço, elas aprendem a compartilhar atenção, afeto e brinquedos, uma situação muito diferente da habitual e, portanto, uma mudança difícil de aceitar. Dessa adaptação, surgem os momentos de agressividade.

Elas testam os limites a todo instante – os delas e os dos outros – buscando entender até onde podem ir. Brigar é uma forma de colocar seu desejo e descobrir o quanto suas vontades valem.

Na Primeira Infância, a linguagem e seus significados ainda estão sendo construídos. Então, empurrar, morder ou bater não são sinais de maldade, mas sim de que a criança ainda não aprendeu outras formas de resolver problemas. O mesmo vale para choros e acessos de raiva (que vão continuar ocorrendo, caso ela perceba que surtem efeito).

Essas são razões perfeitamente normais e saudáveis para brigas infantis, que fazem parte do processo de desenvolvimento de empatia e da compreensão de regras sociais.

Mas, atenção para casos de crises descomedidas. O exagero pode ser um sinal de dificuldades crônicas de relacionamento. Situações de rejeição ou hostilização, por exemplo, requerem intervenção para evitar problemas no desempenho acadêmico e na adaptação escolar, e não comprometer a saúde ou deixar que se isolem e desenvolvam depressão e ansiedade.

Identificar crianças que estejam enfrentando problemas no convívio com os demais exige um olhar apurado não só para o comportamento que elas apresentam na escola, mas também para suas relações familiares e socioeconômicas, sua saúde, seu potencial e seu desenvolvimento cognitivo.

Comportamento

Quando momentos de agressividade foram frequentes, algo pode estar errado. Crianças muito isoladas ou extremamente tímidas, assim como as demais, devem ser acompanhadas, porque as falhas na comunicação fazem com que elas sejam mais facilmente excluídas pelos colegas.

Saúde

Para crianças com deficiências físicas, intelectuais ou emocionais, relacionar-se com o resto da turma é um desafio.

Família

A criança aprende com os comportamentos que vivencia. Como os pais ou parentes resolvem conflitos em casa? Como é o ambiente em que ela vive? Será que ela se sente segura? Procure saber quais são os hábitos da criança em casa – exposição a filmes, vídeos e jogos violentos, por exemplo, não são indicados na Primeira Infância (quando ainda não se faz distinção entre o real e o fictício) e podem trazer à tona reações agressivas.

Situação econômica

A situação econômica precária pode influenciar o desenvolvimento da criança, que necessita de um ambiente seguro e acolhedor. Novamente, a sensação de segurança é fundamental, mas também a nutrição, a higiene e o bem-estar.

 

foto: divulgação Google

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